Filmes Gays
Por Cesar Dornelas
Cesar Dornelas, Fotografo e colunista da Lanterna Mágica Filmes. |
Os filmes com temáticas LGBT começaram a ser produzidos no final do século XIX, bem no princípio da indústria cinematográfica. No começo dessa categoria era prevalente representações preconceituosas ou trágicas.
O primeiro filme que teve como tema a homossexualidade, foi produzido por Thomas Edison, em 1895, o filme se chamava "The Gay Brothers". O primeiro beijo gay gravado para o cinema foi no filme "Wings" de 1927, Filme esse que que foi o primeiro vencedor, na história do Oscar, na categoria de Melhor Filme!
Agora com o desenvolvimento tecnológico e sofisticação cinematográfica, os personagens começaram a receber tratamento específico, sem deixar de tratar de assuntos polêmicos, como incesto, homofobia e homossexualidade em vários blocos da sociedade.
Personagens gays, geralmente, eram levados pelo lado cômico, a questão dos trejeitos femininos, de se vestir de mulher. Isso naquela época, no começo das criações, era dominante, não que fosse a característica principal!
Como ainda existe hoje um código que censura as obras, nessa época foi criado O Código de Hays, este código é um documento que ditava o que o "bom costume" e a "família" não 'deveriam assistir' nas telas. Foi adotado pela MPAA (Motion Picture Association of America) em 1930, mas somente a partir de 1934 foi aplicado severamente. Com a adesão da Igreja Católica, que já havia criado um código para os seus seguidores e, no final dos anos 30, já induzia proibições a filmes, aos produtores de Hollywood, prevendo terríveis prejuízos, passaram a adaptar seus filmes a essas regras.
O Código de Hays condenava nos filmes situações que envolvessem beijos de língua, cenas de sexo, sedução, estupro, aborto, prostituição, escravidão (de brancos), nudez, aborto, obscenidade e profanação. O termo homossexual, que não foi citado na lista de situações, provavelmente se encaixava nesta última proibição. Uma coisa curiosa que se passou por despercebida é que a violência não é censurada. O código foi seguido fielmente pela grande maioria dos filmes produzidos em Hollywood até 1968, quando a MPAA criou o seu novo termo de conduta e censura, com bases muito similares ao anterior, e usado até hoje. Filmes que envolvem situações sexuais ainda são mais censurados do que filmes ultraviolentos e aqueles que envolvem relacionamentos homossexuais certamente um tanto mais.
Os códigos de conduta e censura se preocupam em privar às crianças de assistirem cenas que envolvam sexo, ou temas polêmicos, ou temas tão naturais como a sexualidade, como se isso fosse perigoso, mas impedir uma criança de assistir um filme violento, que poderá futuramente criar um espírito vingativo e agressivo em um jovem, eles não se preocupam né? Muito interessante isso!
As proibições impostas pelo código tiveram resultado pior do que banir o personagem homossexual do cinema; elas alteraram a sua representação, instituindo apenas a possibilidade de 2 papéis: a de antagonista naturalmente perverso ou a de personagem trágico. Mais grave e prejudicial do que esta representação foi a ideia de que o destino do personagem gay deveria ser sempre trágico, fosse pela falência de suas ambições dentro do universo narrativo ou pelo seu desejo "proibido".
"Qualquer cena ou argumento que tratasse o personagem gay de forma aberta estava destinada a alguma censura, fosse da MPAA ou dos próprios produtores/cineastas. Dessa forma, um romance sobre um escritor alcoólatra e sexualmente confuso ("Farrapo Humano", 1945) virou um filme sobre um escritor alcoólatra com bloqueio. Outro romance, sobre ataques a homossexuais e assassinato se tornou um filme sobre antissemitismo e assassinato ("Rancor", 1947). Uma cena de "Spartacus" (1960), em que há uma relação de erotismo entre 2 homens, tão comum e popularmente conhecida como típica da Roma e Grécia Antigas, e um diálogo sugestivo foi cortada da versão final. O mesmo, por outro lado, não acontecera um ano antes com a antológica cena final de "Quanto Mais Quente Melhor" (1959): ou seja, se o romance gay fosse sugerido como real não era tolerado, se fosse para efeito cômico, aí continuava não havendo problema."
Os primeiros sinais de mudança vieram principalmente do cinema inglês, que na década de 1960 começou a tratar da temática homossexual de forma aberta.
Segundo o IMDB, maior bando de dados do cinema do mundo, os filmes que contêm temática gay, foram produzidos estrondosamente a partir de 1996, dos 4200 filmes listados no IMDB, 1000 deles foram produzidos antes de 1996. Os outros 3.600 foram listados até 2011.
Na década de 90 teve o marco de dois filmes com a temática LGBT. Um deles, foi produzido em 1991, pelo premiado diretor Gus Van Sant, que ganhou mais reconhecimento com "Garotos de Programa" que abordava o relacionamento entre dois deles! Outro marco dessa década foi o inesquecível "Priscila - A Rainha do Deserto" que foi produzido em 1994, mesmo com todos os seus estereótipos, conseguiu apresentar as travestis à uma grande audiência, pela primeira vez na história do cinema!
Essas primeiras conquistas se alastraram pelos anos 2000, que percebeu um verdadeiro boom na produção de filmes de temática gay. Pela primeira vez, em mais de 100 anos de cinema, o personagem homossexual foi representado em todas as suas complexidades, ele deixou de ser o personagem gay do filme para ser um personagem qualquer que também é gay!
Diante da idade do cinema, e das produções com temática LGBT, é perceptível uma grande evolução, é claro, na produção, e esse desenvolvimento e essa evolução é notável pelos números! Um filme que trata temas sociais e que de forma ou outra são polêmicos, é evidente que ele seja muito criticado, porém ele é de grande importância para a sociedade, principalmente os membros LBGT. Acho que o papel de um filme gay é mostrar para as pessoas que nós podemos sim amar uma pessoa do mesmo sexo, amar outro ser de forma intensa, assim como o héterossexual. Os filmes vão além disso, eles mostram tudo que um gay ou uma lésbica ou uma trans ou uma travesti enfrentam no mundo preconceituoso que vivemos!
Gostaria de indicar dois filmes:
Meninos Não Choram: Uma menina que não se sente mulher, por isso cria uma imagem totalmente masculinizada. Ela se apaixona por uma menina. Sua identidade sexual vem ao público e as reações são completamente violentas. Vale muito a pena assistir!
Do Começo ao Fim: A emocionante história de dois meninos, que são meio irmãos, eles crescem e prometem cuidarem um do outro até o final da vida da dois! É uma linda e romântica história! É um filme nacional, estrelado por Rafael Cardoso, Julia Lemmertz, João Gabriel Vasconcellos e Fábio Assunção, entre outros!
Esse texto foi inspirado por um artigo do site Café História, artigo este publicado por Fábio Silveira, que é jornalista (ECO/UFRJ) e atua profissionalmente na área da música e do
cinema.
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